AMPA - Área Marinha Protegida das Avencas

07-12-2020

Um oásis de diversidade animal, no seu habitat natural, perto do centro da Área Metropolitana de Lisboa.

Escrito por: Simone Baseggio                                                                                                  Tempo de leitura: 3min 


Localização

A AMPA está situada na Freguesia da Parede, no concelho de Cascais, no distrito de Lisboa. Para visitantes interessados, aconselha-se a viagem de comboio da linha de Cascais, saindo na estação da Parede.

Para os que querem visitar

Recomendamos a visita! É uma experiência diferente de um oceanário, ou aquário, ou jardim zoológico (para além de ser gratuita) - pelo que uma manhã invernal, mas com bom tempo, será sem dúvida bem passada, aqui. Antes de visitar, consulte-se a tabela de marés, de modo a escolher-se um dia e horário com maré baixa adequada (altura mínima possível)!
Antes de visitar, é aconselhado verificar o estado de lotação da praia no website da Cascais Ambiente, que pode ser um de 3: baixa; elevada ou plena. Faça-o aqui: https://ambiente.cascais.pt/pt/espacos/praias/praia-das-avencas. Também contém outras informações interessantes, como relatórios semanais da qualidade da água, um mapa, serviços disponíveis e uma galeria!

História

Ao longo dos anos são desenvolvidas leis, levados a cabo projetos, instauradas normas e regulamentações que visam promover a manutenção da biodiversidade, ao tentar proteger áreas e espécies sob risco de extinção ou ameaçadas local ou globalmente, quer por fatores ambientais como antropogénicos. O que sucedeu na AMPA não é exceção.
Graças ao esforço conjunto da Cascais Ambiente, Agência Portuguesa do Ambiente e da Câmara Municipal de Cascais, em 1998 foi classificada como Zona de Interesse Biofísico das Avencas (ZIBA), tendo passado, em 2016, a designar-se AMPA. Esta transição foi muito importante, pois possibilitou alterar inúmeros parâmetros regulamentares, nomeadamente a alteração da área abrangida sob proteção (representada na figura) e a proibição de atividades como a prática de artes de pesca nocivas, aquacultura, apanha e desportos motorizados. Ainda são permitidas, contudo, atividades de pesca lúdica e caça submarina, com condições regulamentadas.


A razão pela qual a área foi alargada e encurtada é permitir a inclusão de mais filões basálticos (a vermelho na figura), bem como a inclusão da área até os 25 metros de profundidade e não mais, pois é, na prática, até onde chega a luz solar e onde mais proliferam algas fotófilas, que estão nos primeiros níveis tróficos da cadeia alimentar. Estas condições fazem com que haja maior diversidade nesta região.

Descrição do Local

A praia é caracterizada pela existência de arribas, em forma de escadarias naturais. Nestas, verificam-se escorrências de água doce, onde proliferam as plantas Avenca - daí o nome da praia! A área é constituída por extensas plataformas calcárias, onde ocorrem poças de maré e filões basálticos que favorecem a formação de longos canais. Uma vez que o declive é suave, a zona intertidal (entre os limites superior e inferior da maré) tem uma grande extensão. Assim, verifica-se a existência de três zonas distintas, permitidas por este fenómeno de zonação, que dependem de fatores como o tempo em que se encontram submersas, o impacto das ondas, a temperatura, a salinidade e o tipo de substrato. Tem-se, assim, as zonas Supralitoral, Mediolitoral e Infralitoral.

Zonação e espécies

Esquema original
Esquema original
Os enclaves são depressões e fendas que se encontram no Mediolitoral, mas preservam água permanentemente, imitando as condições do Infralitoral. São possíveis, por exemplo, graças às poças de maré e aos canais formados pelos filões basálticos. Permitem a proliferação de muitos animais, a uma profundidade inferior que a habitual.

Pressão antropogénica, proteção e futuro da AMPA

A Cascais Ambiente, a APA e a Câmara Municipal de Cascais têm tido um esforço ativo na preservação da AMPA, conciliando-o com medidas que não são demasiado restritivas para a população - facilitando assim o seu cumprimento.
A pressão antropogénica é elevada. Esta pode ser direta, quando o número de veraneantes excede o limite, no verão, e aquando do incumprimento de normas por pescadores, ou da realização de atividades proibidas. Também pode ser indireta, derivando de fatores como alterações climáticas, que afetam as marés e o nível médio das águas do mar, ou poluição aquática, quer local, quer das ribeiras da cidade de Cascais que desaguam no oceano, ou do rio Tejo, cujo estuário também se encontra próximo.
É extremamente importante que a sensibilização da população faça parte dos programas de proteção da área. É um dos aspetos fulcrais, visto que a pressão direta exercida pelos veraneantes e pescadores é elevada. Um bom exemplo é a realização de visitas de estudo de escolas locais. Aliada a um esforço em aumentos de sinalização e fiscalização, a interação com a população, de forma educativa, parece ser um ótimo caminho a seguir, conseguindo-se, assim, dois bons resultados, a preservação de espécies e a educação da população, conjugados num esforço comum.

Galeria

            As fotografias desta galeria foram todas tiradas durante a saída de campo, no dia 06/10/2020!

Referências

Textos originais de Mafalda Martins, Marta Matos e Simone Baseggio 
Todos os direitos reservados 2020
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